Separação do lixo é importante para a destinação adequada dos materiais e para menor impacto no meio ambiente
Realizar a coleta seletiva no condomínio, isto é, separar o lixo que pode ser reciclado dos rejeitos e orgânicos, é uma necessidade, principalmente devido ao grande número de lixo residencial produzido. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cada brasileiro produz mais de 1 quilo de lixo por dia.
Este assunto não é novidade para muitos condôminos conscientes. Mesmo sem a coleta do condomínio, eles já têm por hábito separar o lixo dentro de casa, utilizando sacos distintos para o lixo orgânico, rejeitos e recicláveis.
Mas nada adianta se o condomínio misturar tudo em um único depósito depois. E mesmo que o local tenha o costume de separar, ainda há muito a aprender e a aplicar em relação à coleta seletiva. Vamos começar do início: o seu condomínio já realiza a coleta seletiva?
Por onde começar?
Caso a sua resposta tenha sido não, saiba que a implantação da coleta seletiva no condomínio não é nenhum bicho de sete cabeças.
Inclusive, ela pode ser compulsória, dependendo das leis municipais e da região onde o condomínio se localiza: se ela for atendida pela coleta seletiva da prefeitura, a separação deve acontecer obrigatoriamente.
Caso a região do condomínio não seja atendida, é possível contactar uma empresa de coleta, que, muitas vezes, são parceiras de cooperativas, para realizar a retirada ou ainda levar o material a um dos Postos de Entrega Voluntária (PEVs) — que dão a destinação adequada aos resíduos.
O primeiro passo é pautar o assunto na assembleia, como toda temática que requer participação dos condôminos. Mostre os pontos positivos para implantação da coleta seletiva, inclusive a exigência legal. Isso já fará parte do plano de conscientização, que vem logo a seguir.
Quer tornar seu condomínio mais sustentável? Adote algumas práticas.
Conscientização dos condôminos e colaboradores
Essa pode ser uma das partes mais difíceis do processo porque as pessoas, muitas vezes, têm dificuldades com mudanças. É preciso modificar os hábitos diários, mas sem que isso gere muito trabalho, para não desestimular.
Comece pelo básico, instruindo os condôminos a separarem o lixo em três sacos:
- Orgânicos: resíduos de origem biológica, vegetal ou animal, como restos de comida, cascas de ovos, de verduras e frutas, restos de plantas, sacos de chá e borra de café com o filtro;
- Recicláveis: materiais que podem ser processados novamente e transformados em outros, como papeis, metais, plásticos e vidros;
- Rejeitos: materiais que não podem mais ser aproveitados ou transformados como papel higiênico e guardanapos usados, papéis com óleos ou molhos, esponjas, elásticos, chicletes, fitas adesivas, lenços usados, absorventes, fraldas, cotonetes, fio dental e algodão.
Como destinar corretamente os lixos
Na prática, parece simples. Mas a realidade pode ser confusa: alguns materiais geram dificuldade sobre como proceder, como esponjas de louça e de aço, papéis engordurados e clipes. Todos esses citados, por exemplo, não são reciclados.
Existem alguns materiais, que apesar de serem recicláveis, por serem muito caros para reciclar ou por não existir tecnologia suficiente, não são muito bem recebidos pelo mercado de reciclagem de algumas cidades, exemplos disso são embalagens de salgadinhos, bolachas, balas e outros alimentos (embalagens que são impressas por fora e metalizadas por dentro).
O Isopor, até pouco tempo atrás não podia ser reciclado, mas agora já pode.
Balões de festa, por exemplo, são recicláveis, porém não interessam muito ao mercado de reciclagem e acabam sendo descartados. Os balões de látex, embora sejam biodegradáveis, demoram de 6 meses a 4 anos para se decompor e isso pode gerar um grande problema ao meio ambiente.
Embora esses materiais acima descritos não sejam de fácil reciclagem em algumas cidades, devem ser separados com os lixos recicláveis, pois existem empresas e cidades que fazem a reciclagem. A cidade de Curitiba, por exemplo, recicla esses materiais. Além disso, deve-se ter em mente que podem aparecer novas tecnologias para facilitar a reutilização do material e assim tornar a sua reciclagem mais viável.
Outros tipos de lixo devem ser descartados separadamente, como os hospitalares (máscaras, seringas e agulhas) e os tóxicos e os contaminantes (pilhas, baterias, solventes e inseticidas).
Certos locais recebem tipos de lixos específicos, como farmácias que recolhem medicamentos; lojas e mercados têm os PEVs para receber cápsulas de café, óleo, pilhas e eletrônicos. Uma breve pesquisa na internet vai mostrar os melhores locais para descarte desses lixos específicos e também existem empresas que podem fazer a coleta direto no Condomínio.
Nunca descarte esses resíduos tóxicos e contaminantes junto com o lixo residencial, pois eles contêm substâncias tóxicas que contaminam o solo e a água.
A separação correta do lixo e acima de tudo, evitar ao máximo o uso de materiais que não sejam recicláveis e ou que apresentem dificuldades de reciclagem, substituindo-os, se possível, por materiais recicláveis é fundamental para o meio ambiente.
Lixo orgânico e a Compostagem
A maior parte do lixo doméstico é orgânico e o destino ideal para ele é a compostagem.
Você já deve ter ouvido falar na compostagem, um processo natural do lixo orgânico (restos de alimentos, folhas secas, etc.) em que micro-organismos, como bactérias e fungos, realizam a degradação do material, transformando-o em húmus.
Esse húmus pode ser utilizado como adubo, fornecendo nutrientes para as plantas e regulando a fertilidade do solo.
O processo de compostagem pode ser feito em casa, em uma composteira, auxiliando na redução do lixo orgânico descartado em aterros sanitários.
Reciclagem
Os lixos recicláveis devem estar limpos. Não precisa lavar com esponja e detergente, mas é preciso retirar todo e qualquer resíduo orgânico e gordura antes do descarte para evitar mau cheiro e doenças indesejáveis. Uma boa dica é deixá-lo na pia enquanto lava a louça para evitar o desperdício de água e fazer a limpeza prévia, lembrando de tirar também o excesso de água antes do descarte. A limpeza também pode ser feita com um guardanapo já utilizado.
Embalagens de papelão, obviamente não podem ser lavadas, mas podem ser recicladas, se todo resto de comida ou molhos for retirado. Um exemplo são as caixas de pizza, que embora contenham gordura, podem ser recicladas, desde que todo resto de alimento tenha sido retirado.
Caixas de remédio (caixas de papelão) devem ser recicladas, já as cartelas de comprimidos e os vidros ou tubos de plástico de remédio não podem ser reciclados, pois podem conter resquícios químicos e devem ser descartados em lixos próprios, disponíveis nas farmácias.
Embalagens de produtos de limpeza e higiene também podem ser recicladas, desde que tenham sido bem limpas para evitar resquícios de componentes químicos.
Segue abaixo uma pequena lista do que pode ser reciclado e o que não pode:
Papel |
Reciclável | Não reciclável |
Papéis de cadernos, jornais, revistas, envelopes, cartões e panfletos | Papel celofane, papel vegetal, papel carbono e papel de fax |
Caixas e embalagens de papelão e cartolina | Papéis plastificados ou revestidos com parafina ou silicone |
Papéis de embrulho, papel seda | Fitas e etiquetas adesivas |
Papel kraft | Papéis de extratos bancários |
Papel toalha, guardanapos e lenços (desde que limpos, sem gordura ou uso pessoal) | Guardanapos e papeis toalha sujos, engordurados |
Papel higiênico sem uso | Papéis higiênicos usados |
Embalagens longa vida | Fotografias |
Plástico |
Reciclável | Não reciclável |
Embalagens plásticas de alimentos, produtos de limpeza e higiene | Celofanes |
Tampas plásticas de recipientes e outros materiais | Cabos de panelas |
Embalagens de plástico de ovos, frutas e legumes | Embalagens à vácuo |
Utensílios plásticos, como tubos de canetas, escovas de dentes, baldes, artigos de cozinha, copos, talheres, etc. | Plásticos termofixos, utilizados na produção de telefones, eletrodomésticos e eletrônicos |
Sacolas e sacos | Adesivos |
Brinquedos de plásticos | Embalagens engorduradas e siliconadas |
Isopor e embalagens de isopor (limpas, sem restos de comida ou gordura) | Fraldas descartáveis |
Vidro |
Reciclável | Não reciclável |
Garrafas de bebidas | Espelhos |
Potes em geral (alimentos, molhos, condimentos, perfumes e limpeza) | Vidros temperados planos ou de utensílios domésticos, pirex |
Copos e jarras de vidro | Lâmpadas, tubos de televisão e válvulas |
Vidro colorido | Ampolas de medicamentos |
Cacos dos vidros acima | Cristal, porcelana e cerâmica |
| Vidros de janelas e automóveis |
Metal |
Reciclável | Não reciclável |
Embalagens de marmita | Esponja de aço |
Latas de bebidas, de alimentos, produtos de limpeza | Clips |
Objetos e folhas de alumínio, tampas de iogurte | Latas de aerosol |
Ferragens, pregos e parafusos | Latas de tinta |
Arame, grampos, chapas | Latas de verniz |
Fios elétricos, de cobre | Latas de inseticidas |
Panela sem cabo | |
Espaço de armazenamento adequado
Um local para guardar todo o lixo até que a coleta seja realizada é imprescindível. Ele deve ser amplo, dependendo do tamanho do condomínio, e limpo com regularidade.
Muitos condomínios adotam espaços na garagem, próximos dos elevadores de serviço, para o armazenamento do lixo, sendo tambores diferenciados para os recicláveis e não recicláveis.
Com isso, o responsável pela retirada do lixo recolhe nos dias da coleta e leva para a parte exterior. Em alguns lugares, o acesso é aberto direto para a coleta.
Destinação diferenciada
Também existe a possibilidade de separar os recicláveis, caso o condomínio comporte, deixando os tambores coloridos para cada tipo de material. Em geral, a identificação segue um padrão:
– Amarelo para metais;
– Azul para papeis e papelão;
– Vermelho para plásticos;
– Verde para vidros;
– Marrom para resíduos orgânicos.
Há ainda os menos comuns, como laranja para pilhas e baterias; branco para lixos hospitalares; preto para madeira; cinza para resíduos não recicláveis mistos ou contaminados.
Realizar a coleta seletiva é repensar o consumo como um todo. Produza menos lixo, utilize menos produtos que são de difícil reaproveitamento, como o plástico, que leva mais de 400 anos para se decompor, e contribua para um mundo melhor.